quinta-feira, 25 de agosto de 2011

RESUMO DA ÓPERA - TEA PARTY

Nos últimos dias, muito tem se falado sobre o crescente movimento Tea Party nos Estados Unidos e de suas ideias para o país e o mundo, caso se fortaleçam nas próximas eleições. Resolvemos colocar aqui um pouco do que é o chamado Tea Party porque, provavelmente, cairá nas provas. Além disso, temos que ficar de olho por ser um movimento com ideias muito polêmicas, principalmente com relação às minorias. 

O movimento conhecido como Tea Party (festa do chá) é, com folga, o principal fato novo do período eleitoral dos Estados Unidos. Em 2 de novembro, os americanos renovarão parte do Senado, toda a Câmara de Representantes e escolherão alguns novos governadores influenciados pelo discurso ultraconservador do grupo, inspirado em um episódio ocorrido no século XVIII e que serviu para catalisar o movimento de independência americana. A força da Tea Party do século XXI tem origem na reação ao resgate financeiro, pela Casa Branca, de bancos e outras companhias afundados na crise econômica de 2008. Hoje, é um grupo heterogêneo de políticos e personalidades – majoritariamente ligados ao partido Republicano – que propagam uma série de ideias polêmicas sobre economia, mas também sobre política social, relações internacionais, direitos civis e religião. São ideias que, se forçam a agenda conservadora do partido Republicano, ameaçam a credibilidade da Tea Party.

No campo da economia, quem lidera as propostas radicais da Tea Party é Ron Paul, um representante (deputado) republicano do Texas. As primeiras festas do chá deste século foram organizadas por seus apoiadores, em dezembro de 2007, para arrecadar fundos para sua campanha. Ron Paul é autor de um livro chamado End the Fed, que no título - Acabe com o Banco Central, na tradução literal - resume sua proposta, muito popular entre os integrantes da Tea Party. Segundo ele, o Banco Central americano é corrupto e inconstitucional e ameaça colocar os Estados Unidos em uma depressão inflacionária como a da República de Weimar, o período conturbado da história alemã que antecedeu a ascensão de Adolf Hitler. 

(...)
Sharron Angle, que disputa uma vaga no Senado por Nevada com Harry Reid, o líder do governo Obama, vai mais longe. Em junho, ela defendeu a saída dos Estados das Nações Unidas pois a entidade é um "bastião de ideologia liberal e o juiz da ciência fraudulenta como o aquecimento global".

Uma bandeira levantada por Angle e por quase todos os membros da Tea Party é a total privatização do sistema público de saúde. A reforma feita por Barack Obama para tentar promover saúde gratuita para toda a população é altamente impopular nos Estados Unidos e seu impacto nas finanças do país ainda é desconhecido. Angle, novamente, foi além e sugeriu que toda a previdência social americana fosse migrada aos poucos para a iniciativa privada. Outra ideia radical de Angle é abolir o Departamento (ministério) de Educação, pois em sua opinião "a melhor educação é a controlada no nível mais local possível".

(...)
Como afirmou o próprio Barack Obama em uma recente entrevista à revista Rolling Stone, é difícil definir o que é a Tea Party, pois o grupo ainda "está se definindo". Não há uma hierarquia formada e nem líderes eleitos, mas sim um movimento que desfruta de financiadores muito ricos, políticos de destaque e, principalmente, apoio popular. A proliferação de ideias polêmicas serviu para tornar o grupo conhecido, mas muitos de seus adeptos foram ridicularizados pela imprensa, tradicionalmente dominada por democratas. O resultado foi o fechamento de alguns eventos políticos do Tea Party para jornalistas e o expurgo de quem ultrapassa os limites da lei. O caso mais famoso é o de Mark Williams, um apresentador de rádio que liderava o "Expresso Tea Party". Depois de chamar Alá (Deus muçulmano) de deus-macaco - e posteriormente pedir desculpas aos hindus que veneram Hanuman, um legítimo Deus-macaco - ele publicou um post com tom racista em seu blog, o que provocou sua expulsão do grupo. Assim, mesmo em meio a polêmicas, a Tea Party vai crescendo. Segundo levantamento do jornal The New York Times, os candidatos apoiados pelo grupo podem conseguir até 33 vagas na Câmara dos Representantes e oito no Senado, suficiente para fazer suas vozes serem ouvidas ainda mais.

Para ler na íntegra:

terça-feira, 16 de agosto de 2011

ESPANHOL + MÚSICA = EL CONDOR PASA


Letra de El Cóndor Pasa em Quíchua (Principal Dialeto Inca)

Yaw kuntur llaqtay urqupi tiyaq
maymantan qawamuwachkanki,
kuntur, kuntur
apayllaway llaqtanchikman, wasinchikman
chay chiri urqupi, kutiytan munani,
kuntur, kuntur.

Qusqu llaqtapin plaza-challanpin
suyaykamullaway,
Machu piqchupi Huayna piqchupi
purikunanchiqpaq.

Tradução

Ó majestoso Condor dos Andes,
leva-me ao meu lar, nos Andes,
Ó Condor.

Quero voltar à minha terra querida e viver
com meus irmãos Incas, que é o que mais anseio
Ó Condor.

Em Cusco, na praça principal,
espera-me, para passearmos em
Máchu Pícchu e Huayna Pícchu.

Letra Popular

Mais recentemente, Paul Simon, Jorge Milchberg e Daniel A. Robles compuseram nova letra para a canção:

En el imperio incaico
el indio está,
sin luz, sólo está,
triste está.

Detrás de los silencios quedará
jamás, nunca más, volverá.
El inca ya se fué,
a morir rumbo al sol,
y en su alma un condor va
a llorar su dolor volando

Vuela, vuela el cóndor
la inmensidad, sombra de la altipampa.
Sueño de la raza americana
sangre de la raza indiana

El inca há sido traicionado,
llorando las quenas están.
La Pachamama al coya enseño
a morir por la libertada!


Versão Quichua


E em uma outra versão, com o Grupo Raíces de América.



LONDRES - A EXISTÊNCIA DE UM PROBLEMA

Londres: “Nós não estamos saqueando, o que fazemos é expressar a existência de um problema”
A partida de futebol Inglaterra contra Holanda, que seria realizada amanhã, foi cancelada “por falta de efetivo policial”. O primeiro-ministro David Cameron assegurou que 16 mil policiais irão patrulhar as ruas esta noite, ante a previsão de novos distúrbios.
Vários meios da imprensa convencional e a televisão estão divulgando amplamente informações sobre o que aconteceu, dando voz aos moradores indignados com os incidentes - lojistas e especialistas diversos. Toda a versão difundida coincide com a posição do primeiro-ministro: “Aqui não há um caso de brutalidade policial, mas um caso de criminalidade juvenil pura e simples. Por isso cairá sobre os criminosos todo o peso da lei”.
A imprensa fala de “gangues urbanas”, quando a maioria dos jovens manifestantes é negra. Mesmo os líderes políticos de Bristol declararam esta manhã que “os autores da violência são grupos anarquistas oportunistas. Não é a primeira vez que trazem a violência para a nossa cidade aproveitando um conflito circunstancial”. Qualquer desculpa é válida para desviar a atenção do que tem sido um assassinato policial racista, juntamente a uma tentativa desesperada de silenciar os protestos na base de agressões, o que causou ainda mais raiva.
Apenas vozes isoladas colocam o conflito em termos globais: “Criamos uma sociedade onde os jogadores de futebol e modelos recebem salários astronômicos, constantemente ostentam sua riqueza e se comportam como quiserem; são tratados como deuses na mídia. Isto leva nossos jovens a aspirar a fama e riqueza. Mas em vez disso recebem desemprego, pobreza e um futuro incerto. E agora ficamos surpresos quando eles se rebelam?” (Rob, Londres, comentário na BBC).
E a conta-gotas também podemos extrair outro elemento importante. Enquanto a imprensa entrevista fundamentalmente a proprietários de pequenos comércios ou de carros particulares, a maioria dos locais atacados pertencem a grandes empresas. A fábrica da Sony (um navio de 70 metros de comprimento) foi completamente queimada em uma localidade ao norte de Londres, sucursais de bancos devastados, sedes de apostas atacadas, Debenhams (uma rede varejista de roupas) foi saqueado por uma multidão em um bairro londrino de Croyden, 25 sedes da Orange e T-Mobile foram assaltadas assim como 20 da Vodafone e outras tantas de Carphone Warehouse, um hotel da cadeia hoteleira Premier Inn hotel (a maior do Reino Unido) queimou à meia-noite, vários locais da empresa Greggs (a maior rede varejista especializada em panificação no Reino Unido) foram atacados e queimados. Estes são apenas alguns exemplos, já que, em geral, os distúrbios estão afetando áreas comerciais.
Em meio a uma supersaturação de informação de criminalização, um jovem negro encapuzado foi entrevistado à noite alguns segundos para o noticiário do Channel 4. Quando perguntado o porquê das pessoas “saquearem” e atuarem “de forma criminosa”, o jovem afirmou: “estamos protestando porque a polícia não gosta de negros ou asiáticos. A polícia não gosta de pessoas de outras raças. Não estamos saqueando, o que fazemos é expressar a existência de um problema”.
A imprensa e os políticos tentam a todo custo reforçar sua visão de que tudo se resume a um problema de gangues juvenis, evitando destacar como uma das causas a crise econômica ou a situação social e econômica dos jovens que vivem em Londres. Para isso colocam o foco em alguns atos indiscriminados fora de contexto, mas por baixo de toda essa versão subjacente há, claramente, um conflito de classe.
M.P.
agência de notícias anarquistas-ana
O grito é mudo
o olhar no entanto
Diz tudo!
Kirah


III CURSO DE EXTENSÃO INICIATIVAS NEGRAS - TROCANDO EXPERIÊNCIAS


III CURSO DE EXTENSÃO INICIATIVAS NEGRAS - TROCANDO EXPERIÊNCIAS
                 04 a 14 de outubro de 2011
Local: Universidade Federal do Ceará/(Juazeiro do Norte – Ceará)
  
PÚBLICO-ALVO:
Ativistas dos movimentos sociais negros ou de mulheres negras e/ou estudantes que desenvolvam pesquisas na área das relações raciais e/ou de gênero.
 
Serão distribuídas 30 bolsas:
a) 10 bolsas Norte e Nordeste- Receberão passagem (aérea e/ou terrestre), hospedagem e alimentação.
 
b) 5 bolsas gerais-  Receberão passagem (aérea e/ou terrestre), hospedagem e alimentação.
 
c) 15 bolsas parciais – Receberão hospedagem e alimentação.
 
 DOCUMENTAÇÃO A SER ENVIADA ONLINE:
1- Uma carta de recomendação (com assinatura digitalizada) de alguma liderança do Movimento Negro, do Movimento de Mulheres Negras ou de um (a) pesquisador (a) na área das relações raciais.
 
2- Formulário para seleção de participantes (totalmente preenchido).
 
NOTA: Toda a documentação deve ser obrigatoriamente digitalizada e enviada para o e-mail:iniciativasnegras@yahoo.com.br, indicando no campo assuntoSELEÇÃO INE 2011.
 
Período de inscrições : 15 de julho a 20 de agosto de 2011
 
 
MAIORES INFORMAÇÕES:

CURSINHOS PRESSIONAM O MEC E EXIGEM MATERIAL DIDÁTICO PARA O ENEM

Em Assembleia, professores, coordenadores e estudantes da UNEafro-Brasil formularam proposta que prevê bolsa permanência para o Ensino Básico.

Por Cleyton Borges e Jorge Américo

A UNEafro-Brasil exigiu do Ministério da Educação (MEC) a criação de um Material Didático Público que contemple o conteúdo cobrado pelo Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). A proposta foi elaborada por professores, coordenadores e estudantes de cursinhos comunitários reunidos na 4ª Assembleia Geral da organização, realizada entre os dias 29 e 31, na Escola Nacional Florestan Fernandes, em Guararema (SP).
Os 120 representantes dos 42 núcleos de base do movimento assumiram o compromisso de fortalecer a campanha nacional pela destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) para a Educação. Parte desses recursos seriam aplicados na “Política de Permanência de Negros e Pobres da Pré-Escola ao Ensino Médio”.  Segundo os proponentes, essa política deve se inspirar no modelo de política de permanência adotado pelas universidades federais, que – por meio de bolsas-auxílio ­­– garantem moradia, alimentação e transporte aos estudantes.
A medida foi pensada com o objetivo de “evitar a evasão escolar, sobretudo dos estudantes que pertencem a famílias alocadas abaixo da linha da pobreza”, conforme relatado na ata da Assembleia. “A principal motivação para o não acesso ou a evasão escolar é justamente a necessidade do jovem em ajudar na subsistência da família, ou seja, o abandono da escola e a busca de trabalho e renda” analisa Iraci Aparecida, coordenadora de núcleo na Zona Leste de São Paulo.
Pobreza e racismo
O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) apontou que 16 milhões de pessoas vivem com menos de R$ 70 por mês. Nos dados relacionados à educação, a situação não é diferente. Estima-se que 14 milhões de brasileiros ainda não foram alfabetizados. “Há uma compreensão de que investir em educação é primordial para o combate à miséria, uma vez que a pobreza está umbilicalmente relacionada ao não acesso à educação”, defende Afonso Luis Fernandes, coordenador de núcleo no Jd. Miriam, Zona Sul de São Paulo. “Sabe-se também que 2/3 da população brasileira estacionada na faixa da miserabilidade é negra e que o analfabetismo, a evasão escolar e o não acesso à universidade atingem a população mais pobre e, especialmente e população negra”, completa.
Nas discussões que trataram da evasão, foi levantada a necessidade de haver uma integração entre as áreas de assistência social, saúde e Justiça, como forma de garantir a segurança e integridade dos atores envolvidos no processo educacional. “É fundamental para que possamos encarar os problemas de falta de atratividade e degradação do ambiente escolar, fragilidades familiares, consumo de drogas e envolvimento com o crime organizado, além de garantir melhorias de infraestrutura e merecido aumento real de salários e plano de carreira para funcionários e professores”, defende Afonso.
Material didático
A proposta de elaboração de um material didático preparatório par o ENEM, que a Uneafro pretende apresentar ao ministro da Educação, Fernando Haddad, prevê a disponibilização do conteúdo para reprodução livre, podendo ser utilizado por cursinhos comunitários e populares de todo o país, como argumenta Pâmela Neves Braga, coordenadora de núcleo no bairro de Coutos, subúrbio da Salvador- (BA).
“Há em todo o país uma infinidade de iniciativas similares à nossa atuação. Apesar das possíveis diferenças na maneira de enxergar os desafios, método e finalidade política, há sem dúvida uma necessidade comum em todas as experiências: o Material Didático.” O projeto ainda sugere a impressão e distribuição do mesmo material para os estudantes matriculados no 3º ano do Ensino Médio da rede oficial de ensino ou nas redes de Cursinhos Comunitários e Populares devidamente cadastradas no MEC;
Lei 10.639/03
Apesar de ter sido aprovada há oito anos, a Lei 10.639/03 ainda não foi implementada. O movimento negro tem denunciado o descaso dos sucessivos governos, nos níveis federal, estadual e municipal. “A aprovação dessa Lei é uma das poucas vitórias institucionais do movimento negro nos últimos anos. No entanto, o sentimento é de que ganhamos, mas não levamos! A lei não se efetiva, em parte por falta de vontade política dos governos e por outra pelas ‘desculpas’ de falta de verba pública”, lamenta Douglas Belchior, coordenador de núcleo em Poá, na Grande São Paulo.
“Exigimos que, independente do aumento do percentual do PIB em Educação, que os gestores públicos sejam obrigados a investir ao menos 10% dos recursos do setor na efetivação da lei 10.639”, acrescenta. Se aprovado o projeto, os estados e municípios deverão apresentar um planejamento detalhado, anualmente, informando o destino dos investimentos. A fiscalização ficaria sob responsabilidade de setores competentes do Estado e organizações da sociedade civil organizada.
Formação política
Para debater o tema "Educação, Combate ao Racismo e Luta Política: Cursinhos Comunitários podem ajudar?", foram convidadas Mariza Feffermam, do Tribunal Popular, e Sueli Domingues, da Diretoria do Sinsprev-SP. O professor Jaime Amparo, doutorando em antropologia pela Universidade do Texas (EUA), demonstrou como o racismo estruturou a acumulação primitiva de capital no Brasil. “Ainda não compreendemos o que foi a travessia do Atlântico. As chagas desse empreendimento ainda estão abertas”, pontuou Amparo.
“A Assembléia reafirmou o compromisso do movimento no combate ao racismo e às desigualdades geradas por esse modelo de desenvolvimento que privilegia o capital financeiro, o agronegócio e as multinacionais, em detrimento dos trabalhadores”. Com essas palavras, a Uneafro elegeu a prática da formação política como prioridade em seus Núcleos de Base, a partir de três eixos fundamentais: Relações Raciais, Questão de Gênero e Luta de Classes. O movimento acredita que isso dará subsídios para a militância reivindicar com maior firmeza suas bandeiras de luta. Entre elas, a implantação do campus da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) na Zona Leste da capital.
Jornada Nacional de Lutas
A UNEafro participará da Jornada Nacional de Lutas, junto aos diversos movimentos populares do Brasil, de 21 a 27 de agosto, quando ocorrerão atos de protesto e de formação em torno de inúmeras reivindicações. Entre elas, a Campanha contra Agrotóxicos; 10% do PIB para a Educação; Energia; Luta pela Terra; Transportes Públicos; Redução da Jornada de Trabalho; e Reformas Tributária e Política.
“De nossa parte, a contribuição para a Jornada de Lutas se dará, principalmente, no tema da Educação, Cotas nas Universidades e Campanha contra o Genocídio da População Negra”, anuncia Heber Fagundes, coordenador de núcleo na Brasilândia, Zona Norte de São Paulo. A UNEafro ainda somará seus esforços junto ao conjunto de movimentos populares também em São Paulo “para a realização de uma grande manifestação que, assim como em todo o país, colocará em pauta os assuntos de interesse do povo brasileiro”, finaliza.


Chegará o dia
Não renuncieis ao dia que vos entregam os mortos que lutaram.
Cada espiga nasce de um grão entregue à terra,
e como trigo, o povo inumerável
junta raízes, acumula espigas,
e na tormenta desencadeada
sobe à claridade do universo.

Pablo NERUDA


SEMINÁRIO "MALÊS 176 ANOS DO LEVANTE DOS YORÙBÁS ISLAMIZADOS"


DOMINGO É DIA DE CINEMA - O VENENO ESTÁ NA MESA - 21/08/11


Companheir@s,

No próximo dia 21, domingo, às 9 horas da manhã, realizaremos a próxima (e provavelmente última) sessão do projeto "Domingo é Dia de Cinema".
O filme será "O Veneno está na Mesa", sobre a questão dos agrotóxicos.
Mas aí vai um comentário pessimista: não creio que o veneno esteja somente na mesa. Creio que já está, também, nas nossas mentes...

Na última sessão que realizamos, que foi no dia 10 de julho, compareceram nada mais do que 80 pessoas.
E não esqueci nenhum zero aí. Bem que poderiam ser oitocentas pessoas, pois o filme apresentado, "Cortina de Fumaça", que trata do tema das drogas, é um filme maravilhoso, que a meu ver presta um ÓTIMO serviço para a humanidade; o debate também foi bastante construtivo (ou destrutivo, se queremos desconstruir o que está posto aí fora); e o tema, mais do que importante para o vestibular, é importante para as nossas vidas (uma vez que a chamada "guerra às drogas" destrói e mata mais do que as próprias drogas, e sabemos de que lado morrem mais pessoas, de que lado estão as famílias que mais são destruídas por esta "guerra", e qual é a classe, a etnia, a cor, o sexo, o bairro, afetados por esta suposta “guerra às drogas”).

Mas, infelizmente, compareceram somente oitenta pessoas. (infelizmente para nós, óbvio, para o governo, para a elite, quanto menos pessoas discutirem isso, melhor).

Me lembro daquela que tinha, até então, sido a sessão mais vazia da história do projeto.
Foi quando passamos o filme “Saindo do Armário”, com a proposta de debater o tema da homossexualidade.
Foram 120 pessoas (um record de baixa frequência), e isso porque “não somos homofóbicos”...???

Então pensamos: pra que (e para "quens") serve, hoje, este projeto?

Serve para nós (os que estamos indo nas sessões), para assistirmos a filmes magníficos (pelo menos na minha opinião), debatermos vários temas, e sairmos com mais conhecimentos sobre determinados temas?
Certamente que sim.
Eu, particularmente, me sinto sempre "melhor", mais esclarecido, a cada sessão.
Mas certamente não precisamos do Odeon para isso.
Oitenta pessoas cabem, se for o caso, até na nossa sala de aula, e sem as aporrinhações de pagar dois reais, pagar passagem, agendar com o Odeon, etc e tal.
Quanto a isso, não vejo problema.

Mas e os que não estão indo: (alun@s, professoræs, ex-alun@s), não estão indo por qual (ou quais) motivos?

Será que os temas debatidos não são interessantes?

Será que estes temas são interessantes, mas só são importantes "para os outros", pois algumas pessoas já estão “formadas politicamente”, e já sabem tudo sobre os temas apresentados?

Será que o dia é ruim (domingo), e colocar no sábado faria diferença?

Será que o horário (9 da manhã) é muito ruim, e o melhor seria que as sessões fossem à tarde?

Será que queremos (ou acreditamos) realmente na Revolução?

Será que este projeto já deu o que tinha que dar, e agora o melhor a fazer é acabar com ele e partir para outro?

E, neste caso, o que fazer com as pessoas que NUNCA foram, e provavelmente, NUNCA irão ao Odeon ver algum tipo de filme (pelo preço, pela cultura de exclusão, pelo próprio tipo de filme que passa lá, etc e mais etc...)?

Não que o Odeon seja “nosso”, ou algo “tão maravilhoso” que tod@s têm que conhecer.
O Odeon é “só” um cinema, porém é o último que resta (fora dos shoppings), e que ainda permite a entrada de negr@s, de pobres, de trabalhadoras, e para verem filmes realmente interessantes.
Nos shoppings (da baixada, da Zona Oeste – exceto Barra – e das Zonas Sub-urbanizadas) a entrada destes “tipos de gente” é até permitida (“mas vocês vão ver os tipos de filmes que mostraremos a eles...”).

“Bruna Surfistinha” (pra quem quiser vencer rápido na vida), “Velozes e Furiosos 15” (pra aprender a dirigir no Rio de Janeiro), “Velocidade Máxima” (deve ser pra própria idiotização), e “Duro de Matar 25” (pra aprender a ser um policial de verdade) são apenas alguns dos “maravilhosos representantes” desta que se diz “a sétima arte”.

Na verdade, não vejo problema em se assistir a filmes deste tipo (eu já assisti a piores, com certeza). O problema está em só ter a chance de assistir a isso, e ser criminosamente impedido (por várias razões não-desconhecidas) de assistir a outros tipos de filme, e que toda a elite (e alguns de nós, felizardos, também) assistem direto!

Filmes como “Cortina de Fumaça” (já falei), “O Corte”, “O Que Você Faria”, e tantos outros que, nestes 11 anos de projeto, nos presenteamos, com debates maravilhosos e presença de pessoas como Paulinho Chinelo, João Pedro Stédile, Carlos Walter (e a melhor aula de América Latina que já tive na vida), e tantos outros, que jamais (JAMAIS) teríamos conhecido (pelo menos a grande maioria de nós).

Que fazer? Ver filmes apenas nas nossas casas?
Pagarmos 20 reais (ou mais) nos cinemas da Barra e Zona Sul?
Fazer as sessões nos prés, apenas para as pessoas de cada pré?
Deixar tudo pra lá e continuar a fazer as sessões pra 70, 60, 50 ou sei lá quantas “menos” pessoas?

São muitas perguntas, e, obviamente, não sabemos as respostas.

O que sabemos é que, muito provavelmente, esta será a última sessão.
E, só pra piorar a nossa esperança, não foi o Odeon quem nos tirou (por eles, nós continuaríamos lá sem nenhum problema).
Aliás, como oitenta pessoas podem “dar problema”???)

E também não foi a polícia militar, não foi a elite, não foi o prefeito e sua política de desocupação, e nem foi a atual crise econômica, o desemprego, a dengue, as olimpíadas ou a copa, a operação asfalto liso ou a Transcarioca quem nos tirou de lá.

Quem nos tirou, pasmemos nós (ou não), fomos nós mesmos.
O veneno (e o inimigo), desta vez (e só desta vez???), está dentro de nós.

Até a próxima,
Há braços (embora, em alguns casos, não saiba como usá-los),
Marcos.


Imagem extraída do Google


quarta-feira, 3 de agosto de 2011

PROJETO UNIVERSIDADE ABERTA

Projeto Universidade Aberta

O projeto Universidade Aberta - aulas na ECO é uma iniciativa do Pontão de Cultura Digital da ECO, em parceria com a Escola de Comunicação da UFRJ, para que indivíduos sem vínculo com a Escola e/ou com a UFRJ frequentem as aulas de uma universidade pública. Para receber o certificado de participação emitido pelo Pontão da ECO, os alunos devem frequentar 75% das aulas e fazer a avaliação determinada pelo professor da disciplina.
As inscrições ficam abertas entre 29 de julho e 07 de agosto. O resultado será divulgado dia 08 de agosto no site do Pontão da ECO.
O período letivo vai da semana de 08 de agosto até a semana de 17 de dezembro de 2011.

Para se inscrever:

ASSIM VIVEMOS - FESTIVAL INTERNACIONAL DE FILMES SOBRE DEFICIÊNCIA


Com uma programação de filmes que ultrapassam barreiras, desmontam preconceitos, fazem pensar e divertem, dando novas perspectivas à questão da deficiência, o Festival Assim Vivemos tem se constituído na maior celebração da inclusão cultural do Brasil. Nele, as pessoas com deficiência são as protagonistas, tanto nos filmes quanto no público.
Para que isso se tornasse realidade, desde sua primeira edição, o Assim Vivemos traz todas as acessibilidades (audiodescrição, catálogos em Braille, legendas Closed Caption, interpretação em LIBRAS nos debates e salas de cinema acessíveis a cadeirantes).

Em duas semanas, serão exibidos 28 filmes de 12 países, revelando universos singulares quanto o de crianças de Myanmar (ex-Birmânia) e o de mulheres cadeirantes de Moçambique. Como já é tradicional, serão realizados quatro debates sobre temas específicos, congregando pessoas com deficiência, profissionais especializados, professores universitários, diretores de cinema, entre outros.

Alguns destaques desta edição: Incluindo Samuel, dos Estados Unidos, e Incluir Também se Aprende, do Brasil, filmes que colocam em foco a educação inclusiva. Quando Brilha um Raio de Luz, do Irã, que mostra a bela relação de companheirismo entre duas irmãs. Downtown, da Polônia, que acompanha a realização de um ensaio fotográfico com jovens com síndrome de Down. O Tempo de Suas Vidas, do Reino Unido, que coloca em perspectiva as questões da terceira idade. E muito mais: filmes da Rússia, Canadá, Noruega, Irlanda, Suíça, numa programação que compõe um impressionante painel multicultural.

Todas as sessões terão ENTRADA FRANCA.


16 a 28 de agosto – CCBB Rio de Janeiro* 
13 a 25 de setembro – CCBB Brasília
5 a 16 de outubro – CCBB São Paulo

*No Rio de Janeiro, sessões também no SESC Ramos e no SESC Madureira.


Confira a programação completa nos sites