segunda-feira, 27 de junho de 2011

GREVE NA EDUCAÇÃO DO RIO DE JANEIRO

GREVE DA EDUCAÇÃO
Dois mil trabalhadores da rede estadual dicidiram na última terça feira, em assembléia no Clube Municipal, entrar em greve, depois do governador se negar, durante mais de um mês, a negociar com o sindicato um aumento.

A proposta do Cabral é aumento zero para a educação neste ano.

Na própria terça um ato reuniu quase quatro mil pessoas na Alerj.

Na sexta mais um ato, com concentração na Candelária e passeata até a Alerj, reuniu mais de dez mil trabalhadores e simpatizantes.

Neste domingo, o SEPE (Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação-RJ) organizou junto com os bombeiros um ato que reuniu mais de cem mil pessoas.

Apesar da grande mobilização (ver em http://www.seperj.org.br/ ou em http://lutaeducadora.blogspot.com/) da GREVE DA EDUCAÇÂO, a imprensa decidiu censurar a população desta informação.

Todos estes atos foram ignorados ou a imprensa simplesmente ignorou a greve da educação e noticiou como se fosse uma manifestação única e somente dos bombeiros.

É necessário divulgar a
GREVE DA EDUCAÇÃO e denunciar:

-  o salário de fome pago (R$722) aos professores,
- as salas superlotadas,
- a ausência de funcionários nas escolas,
- a condição de vários prédios da rede que estão em situação catastrófica.

MANIFESTO CONTRA A VIOLÊNCIA POLICIAL

Manifesto contra a violência policial

"60% dos jovens de periferia/ Sem antecedentes criminais/ Já sofreram violência policial/ A cada 4 pessoas mortas pela polícia 3 são negras/ Nas universidades brasileiras/ Apenas 2% dos alunos são negros/ A cada 4 horas um jovem negro morre violentamente em São Paulo..." Infelizmente a atualidade da música do grupo Racionais MC's se mostra da forma mais cruel possível com o recente assassinato do jovem de 15 anos, Alisson de Paula Guerreiro.
Alisson de Paula Guerreiro, 15 anos, negro, estudante da EE Ataulpho Alves, morador de São Miguel Paulista, zona Leste de São Paulo, foi mais uma vítima da Polícia Militar de São Paulo, sendo sumariamente executado na noite de sexta-feira, 10 de junho, em frente à Universidade Cruzeiro do Sul (Unicsul).
A morte de Alisson, pelas mãos da PM, demonstra a triste realidade da violência cotidianamente sofrida pela juventude negra das periferias brasileiras, em que, de acordo com dados de pesquisa do IPEA, 50% das mortes de negros no país são decorrentes de homicídios. Dado confirmado por estudos que apontam que as chacinas vitimam preferencialmente jovens negros de 15 a 25 anos (75% das mortes de jovens nesta faixa etária) e demonstra de forma nua e crua a violência racista praticada pelas instituições do Estado.
Não podemos nos calar diante do extermínio de nossos filhos, amigos e alunos. Quantos outros "Alissons" terão sua juventude interrompida pelas mãos da polícia cotidianamente?
 


Abaixo o racismo!
Basta de violência contra a juventude negra!
Pela punição do assassino de Alisson!
Pelo fim da impunidade dos assassinos de nossa juventude!

Assinam: Professores e alunos da EE Ataulpho Alves
                AMV - Associação Mangueira Vestibulares/RJ

segunda-feira, 20 de junho de 2011

CARLOS MOORE NA AMV

Foi um dia histórico e muito especial. O cubano Carlos Moore (Charles Moore Wedderburn), escritor, cientista político e doutor em Ciências Humanas e Etnologia da Universidade de Paris, falou para alunos, professores e colaboradores da AMV.


Foi um encontro mágico e inesquecível para todos, chegando a levar alguns dos presentes às lágrimas.



A sala lotou e todos prestaram total atenção àquela figura jovial e carismática que é Carlos Moore.


Ele falou de seus livros, contou histórias sobre Abdias Nascimento, Malcolm X, Fela Kuti e Patrice Lumumba e sobre os motivos que o levaram a deixar Cuba.


Com suas sábias e serenas palavras, porém firmes e carregadas de conhecimento e vivência, ele conseguiu o que geralmente é inédito em uma sala lotada: o silêncio para absorver suas palavras.




O encontro aconteceu graças a uma articulação relâmpago entre a filha dele e os professores Athos e Jorge Márcio. Daí foi só divulgar por e-mail e celular. No fim, tudo deu certo.




Depois, muita descontração e sorrisos. Carlos Moore atendeu a todos com uma simpatia excepcional.





 Apareceu até uma sopa de ervilha para a comemoração e ele se sentiu em casa. Simplesmente inesquecível.

domingo, 19 de junho de 2011

OBSERVAÇÕES DE UM USUÁRIO

JOÃO UBALDO RIBEIRO
O GLOBO - 29/05/11

A língua inglesa nunca teve academias para formular gramáticas oficiais e certamente seria afogado no Tâmisa ou no Hudson o primeiro que se atrevesse a tentar impor normas de linguagem estabelecidas pelo governo. Sua ortografia, que rejeita acentos e outros sinais diacríticos, é um caos tão medonho que Bernard Shaw deixou um legado para quem a simplificasse e lhe emprestasse alguma lógica apreensível racionalmente, legado esse que nunca foi reclamado por ninguém e certamente nunca será, apesar de algumas tentativas patéticas aqui e ali. Ingleses e americanos dispõem de excelentes manuais do uso da língua, baseados na escrita dos bons escritores e jornalistas - e, quando um americano quer esclarecer alguma dúvida gramatical ou de estilo, usa os manuais de redação de seus melhores jornais.

A segregação racial nos Estados Unidos produziu um abismo linguístico entre a língua falada pelos negros e a usada pelos brancos. Durante muito tempo, a língua dos negros foi vista como uma forma corrompida ou degenerada da norma culta do inglês americano. Mas já faz tempo que essa visão subjetiva e etnocêntrica foi substituída e o inglês falado pelos negros passou a ser visto pela ciência linguística como "black English", uma língua perfeitamente estruturada, com morfologia e sintaxes próprias, com sua gramática e sua funcionalidade autônoma, não mais como inglês de quinta categoria. E essa visão não foi acatada "de favor" ou para fazer demagogia com a coletividade negra, mas porque se tornou inescapável a existência de uma língua falada por ela, eficaz na comunicação de informação e emoção e que prescindia, sem que isso fizesse falta, de determinados recursos do inglês dominante.

Todos nós, com maior ou menor habilidade, falamos várias línguas, ou dialetos, dentro da, digamos, língua-mãe. Falamos língua de criança, língua chula, língua de solenidade. Podemos não chegar a falar todas as muitas línguas à disposição, mas geralmente as entendemos, como, por exemplo, quando ouvimos um caipira. Essas línguas, em padrões de variedade quase infinita, são todas legítimas, não são "erradas", pois, em rigor, nenhuma língua que funcione realmente como tal é "errada". E, muitas vezes, ao falarmos "certo", estamos na realidade falando inadequadamente, como um orador que, num comício no Mercado de Itaparica, se esbaldasse em proparoxítonas, polissílabos e mesóclises. Eu mesmo falo itapariquês de Mercado razoavelmente bem e alguns entre vocês, se me ouvissem lá, talvez tivessem dificuldade em entender algo que eu dissesse, por exemplo, a meu amigo Xepa.

Cientificamente, a neutralidade quanto a línguas, dialetos ou usos subsiste. Mas não socialmente, e é isso o que me parece ainda estar sendo discutido em torno da propalada aceitação, pelo MEC, de erros de português. "Erro de português" é uma expressão que desagrada o linguista, porque ele não vê o fenômeno sob essa ótica. No entanto, é assim que o enxerga o público, mesmo o analfabeto, que aprende pelo ouvido a distinguir o certo do errado. Isto porque sempre se entendeu no Brasil que ensinar português é ensinar a norma culta, que, durante muito tempo, foi até mesmo ditada pelo usos de Portugal.

Quer se queira quer não - e há séculos de formação por trás disso - a norma culta é tida como a correta e a única que representa verdadeiramente nossa língua. Sua violação é tolerada em manifestações literárias e artísticas de modo geral - e, assim mesmo, funciona mais quando o intuito é obter efeitos cômicos, ou "folclóricos", com essa violação. As pessoas costumam observar a adesão à norma culta no que ouvem e leem. Falar e escrever de acordo com ela é socialmente muito valorizado e resulta num poder de que a maioria não se sente boa detentora e ao qual todos aspiram. Não é questão linguística, é questão política. Não se trata de dizer aos que desconhecem a norma culta que a fala deles tem a mesma legitimidade, porque não adianta, não "cola" na sociedade. Trata-se de ensinar a esse praticante o pleno domínio da norma culta, a qual, mesmo tendo que absorver mudanças, nunca abdicará de sua hegemonia e é a de que ele vai precisar para subir na vida.

Advertir contra o preconceito sofrido por quem "fala errado" também não adianta nada, diante da força onipresente da norma culta. (Aliás, no Brasil estamos sempre a frente e agora legislamos sobre preconceitos e tornamos ilegal ter preconceitos, quando isto é praticamente impossível, pois o possível é apenas tornar ilegal a manifestação do preconceito.) A fala é dos mais importantes recursos para o que se poderia chamar de reconhecimento social da pessoa. Vendo alguém pela primeira vez, fazemos, conscientemente ou não, um julgamento automático. Aprontamos uma ficha mental, avaliamos a roupa, a idade, o estado dos dentes e, inevitavelmente, a fala, através da qual é frequentemente possível saber a origem e a extração social de um interlocutor eventual. A norma culta, a dominante, a que é ensinada como correta, mostra sua cara imediatamente e se reflete logo na maneira pela qual o sujeito é percebido e tratado. Ferreira Gullar tem razão, a crase não foi feita para humilhar ninguém. Mas humilha o tempo todo. E agora, pensando aqui nessa tirania da norma culta, fico imaginando se ela não é empregada com esse fim, por certos fiscais dogmáticos. Não devia ser, porque, afinal, ela é necessária para preservar e aprimorar a precisão da linguagem científica e filosófica, para refinar a linguagem emocional e descritiva, para conservar a índole da língua, sua identidade e, consequentemente, sua originalidade. Ao contrário do que entendi de certas opiniões que li sobre o assunto, a norma culta não tem nada de elitista, é ou devia ser patrimônio e orgulho comuns a todos. Elitismo é deixá-la ao alcance de poucos, como tem sido nossa política.

DISCURSO DO SENADOR CRISTOVAM BUARQUE

Discurso do Sen. Cristovam Buarque - 16/05/2011 Plenário do Senado Federal
Ter, 17 de Maio de 2011 16:48 Cristovam Buarque critica livros didáticos que admitem ensino com erros de gramática.
O SR. CRISTOVAM BUARQUE (Bloco/PDT – DF. Pela Liderança. Sem revisão do orador.)

Sr. Presidente, Senador Requião, Srs. Senadores, Srªs Senadoras, quero aproveitar este pouco tempo, em que falo em nome do meu Partido, Senador Paim, para lembrar a criatividade brasileira em matéria de políticas sociais. Mas criatividade para fazer de conta que estão mudando as coisas, quando apenas damos doses homeopáticas, e criatividade para vender bem essas políticas sociais como se fossem resolver os problemas.

Começamos lá atrás, quando, em vez da abolição da escravatura, fizemos a Lei do Ventre Livre e dissemos que isso era uma grande conquista, e, olhe, o recém-nascido só era libertado quando chegasse aos 21 anos, se nenhum parente dele fugisse. Mas foi uma grande coisa! Depois tivemos a Lei do Sexagenário, que libertava quem já não tinha condições de fazer nenhum trabalho, Senador, nosso caso. Na verdade, chamava-se “libertados” como eufemismo para “abandonados”, e isso ficou por aí.

Esta semana a gente tem mais uma prática desse tipo. É o ensino do português legitimando falar errado. Isso é apresentado em um livro do MEC, e não quero culpar o MEC, porque os livros são escolhidos pelos professores do Brasil. Os professores escolheram o livro que permite falar errado.

Equipe AMV - Vale ressalvar aqui, que os livros didáticos são escolhidos pelos professores dentro de uma grade limitada, proposta pelo MEC e que, na maioria das vezes não atende ao que deseja o professor. Lembramos também que, na maioria das vezes, o professor só tem um dia para marcar os livros que vai utilizar no ano letivo. Não seria justo jogar toda a culpa sobre o professor.

Vejam bem, não estou dizendo com sotaque diferente, como o seu, como o meu; não estou falando em vocabulário diferente, como temos entre as regiões. Estou falando que duas coisas têm que vir unificadas: uma coisa é a ortografia; outra, a gramática.

Estão permitindo que se fale e que se escreva errado. E com que argumento? Com o argumento de que isso é para quebrar o preconceito contra os pobres que não sabem falar bem. Vejam o que estamos fazendo. Em vez de ensinar a todos o português correto, estamos, em nome do progresso social, dizendo que é autorizado falar diferente. Aí vamos criar dois portugueses – o português do condomínio e o português do campo; o português dos shoppings e o português das ruas – quando deveria ser o contrário. Uma boa política social é unificar as maneiras diferentes como hoje se fala. Uma das poucas coisas que vinham caminhando para uma unificação era o idioma, graças ao rádio e à televisão; não graças à educação, porque a educação não chega a todos. Não podemos aceitar isso de uma maneira tranquila, muito menos em nome do povo. O povo precisa, e a elite também, aprender um só português. Talvez o correto fosse dizer: o português correto é o português que a maioria fala, e ensinar aos ricos a falarem o português do povo. Muito bem, mas tem que ser um só.
Quando vejo essas pessoas dizendo que cada um deve falar o português como quer e a diferença é questão de preconceito, eu pergunto se eles vão aceitar, nos concursos públicos para escolher os nossos profissionais, o português dito errado. Não aceitam. Quero ver se vai poder entrar nas universidades, nas provas de português do vestibular, aqueles que utilizam o português que chamamos de errado, que hoje não querem que chamem.
Mas chamo a atenção para um fato que não é isolado, Senador Requião, é uma prática.
Comecei falando da escravidão. Mas vamos para o presente. Quando o salário não era suficiente para o trabalhador pagar a passagem de ônibus de casa para o trabalho, o que a gente fez? A grande conquista social do vale-transporte. O vale-transporte era para viabilizar o funcionamento da indústria porque, senão, os trabalhadores não iriam para lá. Quando os trabalhadores não ganhavam salário suficiente para comer bem e, se não comem bem, não trabalham, inventamos o vale-alimentação, o vale-refeição. E é uma grande conquista que se considerou do movimento social.

A grande conquista era o salário justo, suficiente. Até a merenda escolar, que é um instrumento necessário ao processo educacional, no Brasil, em grande parte, foi criada como a forma de preencher a falta de dinheiro da família para alimentar suas crianças. As escolas viraram restaurantes mirins para as crianças. E olhem que a merenda é fundamental para a educação. Mas não foi essa a perspectiva, foi compensar a tragédia social.

Temos exemplos e mais exemplos, no Brasil, de saídas criativas para não enfrentar o problema corretamente. As nossas escolas são boas para quem tem dinheiro, são ruins para quem não tem dinheiro. Em vez de fazer todas as escolas boas, a gente cria o ProUni. E eu sou favorável ao ProUni, como eu seria favorável à Lei do Ventre Livre, como eu seria favorável à Lei do Sexagenário, como eu seria favorável ao vale-transporte, ao vale-refeição.

Equipe AMV – Sempre remendo sobre remendo. Medidas paliativas que não resolvem de fato o problema.

Mas tudo isso, Senador Pedro Simon, é para não enfrentar o problema no seu âmago; tudo isso é para não enfrentar o problema na estrutura da economia e da sociedade brasileira. Cada vez que nós temos um problema, nós encontramos uma saída para tergiversar e não mudar nada e fazer de conta que as pessoas estão atendidas. Quando o dinheiro e o desenvolvimento não chegam a todas as partes, nós criamos a bolsa família. E ninguém pode ser contra uma transferência de renda para uma família que não tem o que comer. É bom que haja a bolsa família, mas, por favor, não é bom que se comemore a bolsa família.

Equipe AMV – Apenas duas coisas neste país são dignas igualmente para ricos e pobres: campanha de vacinação da pólio e prisão por não pagamento de pensão alimentícia. De resto, o transporte, a saúde, a alimentação, a educação, a moradia, tudo do pobre é tratado de forma indigna e funciona de forma indigna.

É bom que a gente diga que isso é um remédio enquanto este País não encontra uma forma de fazer justiça social.

Durante a última campanha presidencial, o que a gente via era os candidatos discutindo quem ia fazer mais bolsa família. Eu não vi um dizendo quem ia fazer com que no Brasil, Senador Pedro Simon, a bolsa família fosse desnecessária. Não se discute a desnecessidade, digamos assim, da bolsa família porque nós nos acostumamos aos jeitinhos, à criatividade das saídas sociais pela metade. E essa última é essa do português. A saída para nós termos a quebra do preconceito contra os que não sabem falar o português oficial é ensinar o português oficial a todos, ou fazer, como eu disse há pouco, oficial o português que o povo fala. Agora, deixar que haja dois português, dois idiomas, é quebrar o que há de mais substancial na unidade de um povo.

Faz pouco mais de cem anos, a Itália não existia. Era um conjunto de principados e grupos que existiam, cada um com seu idioma. Quem fez a Itália foi a escola ensinando italiano para todos: a escola para as crianças e as Forças Armadas para os jovens. Foi aí que os de Veneza, que os de Florença, que os de Nápoles, que os de Roma começaram a falar um só idioma, o italiano. Eles enfrentaram o assunto para unificar. Nós estamos querendo aceitar e conciliar com a desigualdade. Isso é fortalecer apartheid social brasileiro, fortalecer a apartação.

Equipe AMV – Mais um instrumento de exclusão porque, no devido momento, nos cobrarão o que hoje dizem ser aceitável.

Nós já tivemos neste País algo pior que na África do Sul porque aqui nós temos duas moedas: a moeda dos ricos que investiam no open market e a moeda do pobres que era salário em cruzeiro desvalorizando-se todos os dias. Unimos as duas moedas em uma só, que é o real, enfrentamos o problema da inflação no seu centro e resolvemos a política inflacionária. Até porque outra dessas nossas saídas criativas foi a tal da correção monetária. Em vez de enfrentarmos a inflação, inventamos a correção monetária; em vez de enfrentarmos o baixo salário, criamos o vale transporte, o vale alimentação; em vez de fazermos todas as escolas de educação de base igualmente boas para que os melhores entrassem na universidade, inventamos Prouni e cotas. Eu sou favorável a tudo isso, mas não posso deixar de reconhecer que tudo isso me deixa triste, encabulado, pela modéstia que isso significa diante da tragédia social que vivemos
É isso, Sr. Presidente, que eu queria falar nesta tarde, neste curto tempo, em nome do partido – tempo mais curto do que o do orador inscrito – para dizer que esta solução de um livro oficial do Governo autorizar um português errado não pode ser usada em nome da popularização, da quebra de preconceito, da aceitação da diferença. Não. Digamos com clareza: isso é uma tentativa de mais uma solução social criativa para não mudar as coisas. Da mesma maneira que, quando falta professor de física hoje, se elimina a física do currículo, quando as pessoas não conseguem aprender português, em vez de ensiná-las, toleramos o português como cada um quiser falar. Em breve, como já disse, teremos o português do shopping, o português da rua, o português do condomínio, o português do campo. Nesse processo, o Brasil caminha para uma divisão de sua sociedade, entre aqueles que estão dentro da modernidade e aqueles que estão fora, até que nem o idioma consiga ser inteligível entre esses. Não dá para aceitar esta situação.

Era isso, Sr. Presidente Requião, o que eu tinha para falar.

POLÊMICA OU IGNORÂNCIA?

POLÊMICA OU IGNORÂNCIA?
DISCUSSÃO SOBRE LIVRO DIDÁTICO SÓ REVELA IGNORÂNCIA DA GRANDE IMPRENSA

Marcos Bagno
Universidade de Brasília

Para surpresa de ninguém, a coisa se repetiu. A grande imprensa brasileira mais uma vez exibiu sua ampla e larga ignorância a respeito do que se faz hoje no mundo acadêmico e no universo da educação no campo do ensino de língua.

Jornalistas desinformados abrem um livro didático, leem metade de meia página e saem falando coisas que depõem sempre muito mais contra eles mesmos do que eles mesmos pensam (se é que pensam nisso, prepotentemente convencidos que são, quase todos, de que detêm o absoluto
poder da informação).

Polêmica? Por que polêmica, meus senhores e minhas senhoras? Já faz mais de quinze anos que os livros didáticos de língua portuguesa disponíveis no
mercado e avaliados e aprovados pelo Ministério da Educação abordam o tema da variação linguística e do seu tratamento em sala de aula. Não é coisa de
petista, fiquem tranquilas senhoras comentaristas políticas da televisão brasileira e seus colegas explanadores do óbvio.
Já no governo FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato, os livros didáticos de português avaliados pelo MEC começavam a abordar os fenômenos da
variação linguística, o caráter inevitavelmente heterogêneo de qualquer língua viva falada no mundo, a mudança irreprimível que transformou, tem
transformado, transforma e transformará qualquer idioma usado por uma comunidade humana. Somente com uma abordagem assim as alunas e os
alunos provenientes das chamadas “classes populares” poderão se reconhecer no material didático e não se sentir alvo de zombaria e preconceito. E, é claro,
com a chegada ao magistério de docentes provenientes cada vez mais dessas mesmas “classes populares”, esses mesmos profissionais entenderão que seu
modo de falar, e o de seus aprendizes, não é feio, nem errado, nem tosco, é apenas uma língua diferente daquela – devidamente fossilizada e conservada
em formol – que a tradição normativa tenta preservar a ferro e fogo, principalmente nos últimos tempos, com a chegada aos novos meios de
comunicação de pseudoespecialistas que, amparados em tecnologias inovadoras, tentam vender um peixe gramatiqueiro para lá de podre.

Equipe AMV – Adianta incluir na base e excluir no acesso à universidade? Será que realmente chegaremos ao magistério ou nos fecharão a porta baseados na língua diferente devidamente fossilizada e conservada em formol? Geralmente é o que a elite faz.

Enquanto não se reconhecer a especificidade do português brasileiro dentro do conjunto de línguas derivadas do português quinhentista transplantados para as colônias, enquanto não se reconhecer que o português brasileiro é uma língua em si, com gramática própria, diferente da do português europeu, teremos de conviver com essas situações no mínimo patéticas.
Equipe AMV – Falar o português brasileiro seria esquecer o certo e falar errado? Esquecer plural, singular, concordância e tudo o mais?

A principal característica dos discursos marcadamente ideologizados (sejam eles da direita ou da esquerda) é a impossibilidade de ver as coisas em
perspectiva contínua, em redes complexas de elementos que se cruzam e entrecruzam, em ciclos constantes. Nesses discursos só existe o preto e o branco, o masculino e o feminino, o mocinho e o bandido, o certo e o errado e por aí vai.

Darwin nunca disse em nenhum lugar de seus escritos que “o homem vem do macaco”. Ele disse, sim, que humanos e demais primatas deviam ter se
originado de um ancestral comum. Mas essa visão mais sofisticada não interessava ao fundamentalismo religioso que precisava de um lema distorcido como “o homem vem do macaco” para empreender sua campanha obscurantista, que permanece em voga até hoje (inclusive no discurso da candidata azul disfarçada de verde à presidência da República no ano passado).
Da mesma forma, nenhum linguista sério, brasileiro ou estrangeiro, jamais disse ou escreveu que os estudantes usuários de variedades linguísticas mais distantes das normas urbanas de prestígio deveriam permanecer ali, fechados em sua comunidade, em sua cultura e em sua língua. O que esses profissionais vêm tentando fazer as pessoas entenderem é que defender uma coisa não significa automaticamente combater a outra. Defender o respeito à variedade linguística dos estudantes não significa que não cabe à escola introduzi-los ao mundo da cultura letrada e aos discursos que ela aciona. Cabe à escola ensinar aos alunos o que eles não sabem! Parece óbvio, mas é preciso repetir isso a todo momento.

Não é preciso ensinar nenhum brasileiro a dizer “isso é para mim tomar?”, porque essa regra gramatical (sim, caros leigos, é uma regra gramatical) já faz parte da língua materna de 99% dos nossos compatriotas. O que é preciso ensinar é a forma “isso é para eu tomar?”, porque ela não faz parte da gramática da maioria dos falantes de português brasileiro, mas por ainda servir de arame farpado entre os que falam “certo” e os que falam “errado”, é dever da escola apresentar essa outra regra aos alunos, de modo que eles – se julgarem pertinente, adequado e necessário – possam vir a usá-la TAMBÉM. O problema da ideologia purista é esse também. Seus defensores não conseguem admitir que tanto faz dizer assisti o filme quanto assisti ao filme, que a palavra óculos pode ser usada tanto no singular (o óculos, como dizem 101% dos brasileiros) quanto no plural (os óculos, como dizem dois ou três gatos pingados).

Equipe AMV – Incluindo as bancas dos principais concursos do país. O arame farpado sempre arrebenta do lado mais fraco. E aí vai sobrar "pra mim e pra eu tomar" o remédio amargo da exclusão.

O mais divertido (para mim, pelo menos, talvez por um pouco de masoquismo) é ver os mesmos defensores da suposta “língua certa”, no exato momento em que a defendem, empregar regras linguísticas que a tradição normativa que eles acham que defendem rejeitaria imediatamente. Pois ontem, vendo o Jornal das Dez, da GloboNews, ouvi da boca do sr. Carlos Monforte essa deliciosa pergunta: “Como é que fica então as concordâncias?”. Ora, sr. Monforte, eu lhe devolvo a pergunta: “E as concordâncias, como é que ficam então?

Equipe AMV – Eis aí o julgamento final que enforcará todos nós, das “camadas mais populares”, porque na hora h, jogarão isso nas nossas caras, sem dó, nem piedade com um belo cartão vermelho com os dizeres: VOCÊ ESTÁ FORA!

MEC NÃO QUER ENSINAR


Acabo de ler duas instigantes obras de Zygmunt Bauman: Amor Líquido e Modernidade Líquida. Bauman, um dos mais originais e perspicazes sociólogos da atualidade, vai fundo nos paradoxos da modernidade líquida. Vivemos um tempo de incertezas, de sinais confusos, de ausência de vínculos duradouros. Mas, ao mesmo tempo, o comportamento fluido e relativista acaba, frequentemente, em arrebatos de dogmatismo ideológico. O relativismo, facilmente, transforma-se em autoritarismo.
Recentemente, a imprensa noticiou que, para evitar discriminações, o Ministério da Educação (MEC) quer renunciar ao dever de ensinar. Por exemplo, entende que pode promover o preconceito a explicação em sala de aula de que a concordância entre artigo e substantivo é uma norma da língua portuguesa. Dessa forma, o MEC aconselha a relativizar. Segundo o Ministério, a expressão “os carro” também seria correta. A sociedade, quando se deu conta do que o MEC estava propondo, foi unânime na sua indignação. Afinal, a oportunidade de aprender bem a sua língua deve ser um direito de todos.
Nesse caso, no entanto, penso que está em jogo mais do que a norma culta da língua portuguesa. Implicitamente, o MEC nos diz: na busca por um “mundo mais justo” (sem preconceitos) pode ser aconselhável dizer algumas mentiras. Na lógica ministerial, o conhecimento é munição para a discriminação.
Vislumbra-se aí uma visão de mundo na qual o critério político prevaleceria sobre a realidade das coisas, sobre a verdade. E aqui reside o ponto central, cuja discussão é incômoda para uma sociedade que não deseja utilizar o conceito “verdade”. Este seria apropriado apenas para uma agenda conservadora; os contemporâneos não deveriam utilizá-lo mais.
Mas por que será que a “verdade” é tão incômoda? Porque ainda estamos imersos no sofisma moderno que confunde “ter um conhecimento certo sobre algo” com “ser dono da verdade”. O engano está em equiparar “conhecimento limitado” – que é onde sempre estaremos – com “todo conhecimento é inválido”.
Outro influente motivo para evitar o uso do conceito “verdade” é a aspiração por liberdade. As “verdades” tolheriam a nossa autonomia, imporiam uns limites indesejáveis; no mínimo, acabariam diminuindo a nossa liberdade de pensamento. O MEC – de fato – entende assim: numa sociedade plural, não se poderia ter apenas uma única norma culta para a língua portuguesa. Deixemos os nossos alunos “livres” para escolherem as diversas versões.
Não será que ocorre exatamente o contrário? Quem conhece bem a língua portuguesa tem a liberdade de escolher qual forma – num texto literário, por exemplo – expressa melhor a sua ideia. E pode até abrir mão da norma culta, num determinado momento. Só terá a segurança dessa escolha quem conhecer a norma culta, caso contrário, serão tiros no escuro.
Entre liberdade e verdade não vige uma relação dialética. Elas andam juntas. O que pode provocar um antagonismo com a liberdade é uma versão absolutista de verdade, encarnada pelo sujeito que entende ser o “dono da verdade”. Mas a verdade não é um objeto que se possui. A verdade é o mundo, é a realidade, são os outros. É uma porta que se abre para fora, não para dentro, e por isso pode ser contemplada por todos. Ela é democrática: está acessível a todos.
Já não será hora de superarmos a disjuntiva moderna e estabelecermos uma relação amigável com a “verdade”? Não significa fazer um pacto “espiritual” com o universo ou assinar uma espécie de declaração de alienação, abdicando do uso da inteligência e da crítica. A proposta que aqui se faz nada mais é do que buscar uma relação de honestidade intelectual com a realidade e com os outros.
Penso que essa relação de honestidade intelectual está na origem da cultura ocidental, ainda lá com os gregos. É um processo de aprendizagem, que leva a reconhecer os próprios erros, a revisar as condutas e, ainda que não seja retilíneo, trouxe indubitáveis bens (ainda não plenamente alcançados, mas que indicam a meta): o reconhecimento da dignidade da pessoa humana, o respeito e a valorização da mulher, a rejeição da escravidão, a democracia como expressão dessa dignidade, a tolerância, a compreensão, etc.
Aquilo de que mais nos orgulhamos não foi alcançado brigando com a “verdade”, dizendo que tudo era relativo, que dava na mesma A ou B. Nesta lógica aparentemente ampla – mas que no fundo é estreita (porque não está aberta à realidade e aos outros, impera o subjetivo) -, quem ganha é o mais forte, aquele que grita mais alto. Já não existe um referencial adequado para o diálogo. Ficam as versões. Ficam os discursos. E ficamos à mercê dos Sarneys… E agora também dos Paloccis.
Só mais um último aspecto, agora do ponto de vista pedagógico. A visão do MEC sobre a educação corrobora a constatação feita pela pediatra norte-americana Meg Meeker. Ela considera que as principais dificuldades da educação dos jovens de hoje não são causadas por eles. Na visão dela, o problema não são os jovens – como muitas vezes os moralistas de plantão ou os saudosistas de outros tempos querem culpá-los.
A dra. Meg Meeker, com a experiência de mais de 20 anos atendendo adolescentes e pais no seu consultório, diz que a causa está nos próprios adultos, que diminuíram as expectativas da educação em relação às novas gerações. “Eles não conseguirão fazer isso…” Ou: “É impossível que ajam dessa forma…” Os próprios educadores nivelam por baixo – como se o comportamento ético fosse hoje em dia irrealizável – e depois se dizem decepcionados com os jovens.

Equipe AMV – Há outros levantamentos, de outros pesquisadores que comprovam esta tese, que postaremos aqui em outra oportunidade.

Ministério da Educação: os alunos saberão fazer bom uso das regras de português. Não lhes impeça o acesso ao conhecimento e, principalmente, não lhes negue um dos principais motores para o crescimento pessoal: a confiança.

Equipe AMV – No tempo em que ainda havia respeito pela educação pública, o aluno era incentivado a alcançar um parâmetro acima – perfeitamente alcançável – e não um parâmetro inferior de educação. Pensamos que esta nova proposta seja apenas mais uma forma de excluir os já excluídos, ou seja, os pobres que utilizam a escola pública e os livros do MEC.

Por Carlos Alberto Di Franco
Fonte: O Estado de S. Paulo, 30/05/2011

terça-feira, 14 de junho de 2011

PAINÉIS D´ÁFRICA

http://i969.photobucket.com/albums/ae176/alexandrehimura/paineis-1.jpg


Bom pessoal, pedimos desculpas pelo atraso, mas, antes tarde do que nunca. Ainda é tempo. E vamos à luta...!

segunda-feira, 6 de junho de 2011

BIBLIOTECA DIGITAL DA CASA FERNANDO PESSOA - LISBOA

Os livros da biblioteca particular de Fernando Pessoa  estão disponíveis para consulta gratuita on line no site - http://casafernandopessoa.cm-lisboa.pt - da Casa Fernando Pessoa, que fica em Lisboa. O acervo é riquíssimo e o site é bilingue (português e inglês). Lá também se encontram as obras de seus heterônimos Álvaro de Campos, Ricardo Reis e Alberto Caeiro.


É comum serem utilizados poemas de Fernando Pessoa ou de um de seus heterônimos nas provas de vestibular e/ou do ENEM, portanto, vale a pena acessar e aprender até porque, ler Fernando Pessoa não é sacrifício nenhum.


Ser feliz é reconhecer que vale a pena viver
Apesar de todos os desafios,
Incompreensões e períodos de crise.
Ser feliz é deixar de ser vítima dos problemas
E se tornar um autor da própria história.
É atravessar desertos fora de si,
Mas ser capaz de encontrar um oásis
No recôndito da sua alma.

É agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida.
Ser feliz é não ter medo dos próprios sentimentos.
É saber falar de si mesmo.
É ter coragem para ouvir um “não”.
É ter segurança para receber uma crítica,
Mesmo que injusta.

Pedras no caminho?
Guardo todas, um dia vou
Construir um castelo ...

Fernando Pessoa

ACORDO ORTOGRÁFICO - USO DO HÍFEN







Nessa série do Cordel Ortográfico, da TV Brasil, é abordada a questão do hífen na nova ortografia da Língua Portuguesa. Talvez esta parte, de todas as mudanças, seja a mais complexa. A professora Suelen dedicará uma aula exclusivamente a isso no dia 14 de Junho. Agora é só assistir e aprender.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

OBSERVATÓRIO DAS FAVELAS - METRÔ MANGUEIRA ENTRE ESCOMBROS


Direito à cidade - 24/05/2011 11:16
Entre escombros
Por Thiago Ansel

Entre Escombros. É assim que vivem hoje moradores e comerciantes da favela Metrô Mangueira (Maracanã, Zona Norte) que discordam da remoção da comunidade nos termos atualmente impostos pela prefeitura. O local foi, na última sexta-feira (20), um dos destinos da visita de três dias (18, 19 e 20) da missão da Relatoria do Direito à Cidade da Plataforma Dhesca (Direitos Humanos Econômicos Sociais e Ambientais) para avaliar os impactos das obras da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016 no Rio de Janeiro. O último dia da missão contou ainda com a participação especial da relatora para o direito à moradia adequada da ONU, a urbanista brasileira Raquel Rolnik.
Acompanhado por moradores e jornalistas, o grupo da Plataforma Dhesca encontrou, na medida em que caminhava para dentro favela, cenários que lembraram os de uma guerra: casas habitadas em meio a montanhas de entulho deixadas para trás, imóveis abandonados, alguns parcialmente destruídos. Isto tudo bem ali, ao lado do Maracanã e da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ).
A relatora da ONU, que já esteve em comunidades na mesma situação em outros estados do Brasil, disse acreditar que estas demolições em diferentes pontos da favela fazem parte de uma estratégia da administração municipal para pulverizar a degradação no local, com o objetivo vencer os moradores pelo cansaço. “A prefeitura negocia individualmente, consegue remover um morador, derruba sua antiga residência e isso vai degradando toda a comunidade, de modo que fique insuportável continuar no local. Às vezes nem se dão ao trabalho de demolir as casas por completo, eles quebram só o suficiente para marcar o espaço, para criar um ambiente super degradado para os moradores. As pessoas ficam com medo”, afirma.

A presidente da Associação de Moradores da favela do Metrô, Francicleide Souza, questiona as ações da prefeitura
A presidente da Associação de Moradores da favela do Metrô, Francicleide Souza, questiona as ações da prefeitura
A presidente da Associação de Moradores da favela Metrô Mangueira, Francicleide Souza, informou à missão que está profundamente insatisfeita. Para ela, a maneira como as remoções vêm sendo conduzidas resulta de decisões questionáveis do ponto de vista ético, por parte da administração municipal. “A estratégia da Prefeitura é minar. Quando ela foi derrubando as casas, começaram os assaltos. As pessoas ficaram isoladas e isso facilita a ação dos ladrões. Alguns moradores foram para casas de parentes com medo. E quem sai, perde o direito sobre o seu imóvel”, revela.

Francicleide diz que a falta de diálogo é, até agora, uma das marcas da ação da prefeitura no local. O projeto para área, por exemplo, ainda não foi apresentado à comunidade. “Eles não mostram porque estão aprontando alguma coisa. Quando você joga limpo, qual a razão para não mostrar? Falam em construir uma praça de recreação, mas, se os moradores forem retirados daqui, para quem vai ser a praça?”, questiona.
O relator do direito humano à cidade da Plataforma Dhesca, Orlando Santos Jr., lembra que aqueles moradores removidos que receberam compensação financeira, foram indenizados apenas pelo imóvel construído, pois a prefeitura - contrariando a Constituição Federal e o Estatuto das Cidades - não reconhece o direito destas pessoas de serem compensadas também com base no valor do solo que ocupam. “Nesse caso, também há o risco da valorização fundiária do solo urbano, decorrente das obras em curso, ser apropriada por outros agentes - capital imobiliário, capital financeiro, classes médias e elites-, evidenciando um caso de injustiça social”, adverte Santos Jr.

Descumprimento das leis
O artigo 429 da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro trata da urbanização, regularização fundiária e titulação dos espaços favelados. Ele determina que a remoção seja feita somente quando as condições físicas da área ocupada passem a representar risco para os moradores. Em casos de desocupação, a lei exige a participação da comunidade na elaboração de soluções, além de determinar que o reassentamento seja feito em localidades próximas dos locais de residência ou trabalho dos ex-moradores.
No remanejamento de parte das famílias da Metrô Mangueira a lei foi ignorada. Das cerca de 700 famílias que ali viviam, pouco mais da metade foi realocada. Deste total, 90 famílias foram reassentadas em Cosmos, Zona Oeste, há aproximadamente 45Km da favela. As demais foram transferidas para o conjunto habitacional Mangueira 1, bem próximo da comunidade. Estima-se que 320 famílias permaneçam na favela Metrô Mangueira.

Truculência e coação
O morador e comerciante local, Marcelo Moraes, conta que nos primeiros contatos com a população local, os agentes da prefeitura adotaram uma postura truculenta. “No início eles estavam agindo de forma bem agressiva. Quem não aceitasse ir para Cosmos ia ser retirado de sua casa - que seria demolida - e encaminhado para um abrigo, ou então receberia um aluguel social. O pessoal da associação se juntou à Defensoria Pública, Pastoral das Favelas e alguns grupos que lutam contra essas desocupações de favelas e conseguimos uma vitória que foi a transferência das famílias para o Mangueira 1. Os condomínios lá não seriam para o pessoal daqui. Eles eram para o pessoal da Mangueira que está em área de risco”, revela.
O comerciante diz ainda que a prefeitura, ao realocar os moradores no conjunto habitacional, negligenciou completamente a relação entre as dimensões e os valores dos imóveis demolidos e os das novas moradias. “Quem tinha uma casa do tamanho de um ovo e quem tinha casa de dois andares foi para um apartamento do mesmo tamanho. A prefeitura não olhou por esse lado”, conta Marcelo.

Uma das casas parcialmente demolidas: degradação da comunidade
Uma das casas parcialmente demolidas: degradação da comunidade


A prefeitura também não apresentou projeto para o comércio na área. Segundo a também moradora e comerciante, Thaís Pedreira, grande parte das pessoas que têm comércios na favela residem ali. Thaís diz que embora os comerciantes e moradores já tenham participado de reuniões com o secretário municipal de habitação, Jorge Bittar, não houve ainda a apresentação de qualquer proposta concreta. “Nas reuniões só houve promessas. Documentos não existem, não tem nada por escrito. O projeto que o Bittar mostra é de 1999. Sabemos que ele não vai querer implantar um projeto feito por outro político”, declara a moradora. 

O papel da Plataforma Dhesca
A missão tem como principais objetivos dar visibilidade aos casos de violação do direito à moradia e cobrar respostas concretas do poder público para situações como as da favela Metrô Mangueira. De acordo com o relator, Orlando Santos Jr., em um mês ficará pronto o relatório oficial da missão.
Nesta visita de três dias, a Plataforma Dhesca buscou contribuir para fortalecer a mediação entre as comunidades no caminho das obras dos mega eventos e o poder público. Segundo o relator, as soluções devem passar pela garantia de opções para os moradores que estão sendo desalojados. “O melhor caminho inclui indenização justa, englobando o valor do solo urbano independente da situação fundiária, e opção de reassentamento na mesma área”. Estas medidas servem para garantir a manutenção dos laços culturais e comunitários, bem como a inserção no mercado de trabalho já estabelecidos pelos moradores, não só da Metrô Mangueira, mas em todos os espaços onde estão acontecendo as remoções.

Observatório das Favelas:

DOMINGO É DIA DE CINEMA - 05 DE JUNHO

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DOMINGO dia 5 de JUNHO será DIA DE CINEMA, às 9h no Odeon!
O filme será Narradores de Javé e o debate será Grandes projetos, grandes problemas?
Para o debate contaremos com a presença de: Carlos Walter (professor da UFF), Flavia Vieira (professora da UFRRJ) e Sergio Ricardo (ambientalista).

Nos encontramos lá!


ENEM 2011 - "O SEGREDO ESTÁ NO NOTICIÁRIO"

Segundo reportagem do informativo do Metrô Rio - Metroeducação - levada à sala pelo Professor Rony, de Matemática, o segredo para uma boa prova está no noticiário. E como a finalidade da AMV é ver seus alunos passando no vestibular e/ou no ENEM, decidimos postar alguns trechos desta matéria para abrir uma série de postagens voltadas para essas provas.

Vamos às dicas do informativo:

A inscrição para o ENEM - Exame Nacional do Ensino Médio - só é feita pela internet pelo sítio http://www.inep.gov.br/. Foram abertas no dia 23 de Maio e vão até o dia 10 de junho.

NÃO DEIXEM PARA A ÚLTIMA HORA!!!

Precisa ter em mãos CPF e RG.

Durante a inscrição, é preciso criar uma senha e memorizá-la porque ela será necessária para acessos futuros.

A inscrição custa R$ 35,00 (Trinta e Cinco Reais) e o boleto pode ser emitido na hora. Estudantes que concluíram o ensino médio na rede pública têm isenção, bem como aqueles que optarem por declarar carência.

Para os estudos:

É preciso dedicação e horas de estudo;

São quase cinco meses até a prova, agendada para 22 e 23 de Outubro;

Além das disciplinas convencionais, como história, geografia e matemática, a prova do ENEM exige conhecimentos atuais e interpretação de gráficos;

É fundamental acompanhar o noticiário e ler jornais porque os acontecimentos cotidianos são usados nas questões da prova, por isso é importante estar atualizado;

20% do tempo de estudo diário deve ser dedicado para a leitura de jornais para acompanhar as notícias;

É indicado fazer as provas dos anos anteriores para ir treinando;

A redação conta muitos pontos. É preciso ter um bom vocabulário e saber ordenar suas idéias;

Na hora da prova, o ideal é fazer as questões fáceis primeiro e depois as difíceis. O chute deve ser usado como último recurso. Como a prova é de alternativas, o candidato deve tentar eliminar as opções mais improváveis antes do chute;

No Rio, Unirio e Rural já usam o exame como forma única de acesso à graduação. Contudo, outras universidades também estudam a adoção do exame em substituição aos vestibulares. A UFF, este ano, vai manter 20% das vagas destinadas ao ENEM, mas, segundo o reitor reeleito Roberto Salles, em 2012, o vestibular da instituição deve ser extinto.
Mesmo destino deve ter o concurso de acesso à UFRJ. O novo reitor da federal, Carlos Levi, que vai tomar posse em julho, já manifestou vontade de aderir 100% ao ENEM ainda este ano. No entanto, a decisão está nas mãos do Conselho Universitário, que não sabe se vai ter tempo hábil para promover a mudança.

Para a prova:

Pontuação da prova - dividida em cinco notas: matemática, ciências da natureza (física, química e biologia), ciências humanas (história, geografia, filosofia e sociologia), linguagens (língua portuguesa, artes e literatura) e redação.

Dinâmica - no primeiro dia de ENEM os candidatos terão 4 horas e meia para realizar 90 questões. Já no segundo dia, os candidatos terão 5 horas e meia para fazer 90 questões mais uma redação.

O que levar - RG e caneta preta - no ano passado só podia levar isso.

Não leve - lápis, borracha e celular são proibidos.


Para ler na íntegra: http://metropoint.com/